Sábado, 13 de Outubro de 2007
quem te diz que esta flor não és tu,
que eu sei onde te encontro sem desejo
naquele jardim de fonte d’água limpa,
de medo nocturno e reflexa chuva
caída no terminus d’alba loucura;
na volta deixaste cair com doçura
o manto de seda púrpura no lago
onde navega a saudade em água turva,
sem ventos nem rumores esquecidos
de calúnias mal queridas a pensar...
logo te ergues num salto felino seco,
rodopiando nas portas daquele reino
onde amar é uma forma de pesca,
seja em águas turvas seja no mar
distante embarcação do navegante.
árvore onde colhes a luz e as estrelas
num brilho escusado de quem sabe voar,
limite de sons e falas etéreas, esse espaço
dum olhar minucioso perante o céu
de provérbios e luzes, sinais fulgurantes.