Sábado, 12 de Maio de 2007
Livraria Clássica
não sei de mim nem da geração
que alimentou a curiosidade
de muita palavra, as promessas
o costume de quem gosta
de cobaias, as dormidas no chão
a “múmia” do colchão, as donas
do quarto, a limpeza das estantes
os profetas vizinhos de baixo
agourando a queda do piso
das estantes e o peso dos livros;
todo o ano se esperava
por uma sopa, ou melhor
pela feira do livro, pelos amigos
pelas voltas em sentido único
desapercebido, nas raridades
nos empurrões ao desbarato
os poetas, os artistas e os chatos
de revista debaixo do sovaco,
despenteados com o vento
poeirento da avenida da liberdade.
entravam os panascos do parque
às batatas fritas e ao cabrão
do bife no Aviz ou Ribadouro;
e de que gritos suplicava correndo
bufando atrás das gajas o artista,
mítico pintor da nossa praça
impecável vestido e penteável
sereno ao despejar o saco, buff...
buff, dizia irritado do cheiro a putas.
de resto ao fim do dia ainda se comia
as tapas em pão de centeio, old rarity
quando não se bebia um tinto chambrér
e deixar que os galegos bocejassem
e subir avenida conversando a romper
quase na aurora o desgaste e o cansaço.